Lúcio Lage é um escritor que deixa uma impressão fantástica em quem o conhece. É uma pessoa empática, coesa e perspicaz em suas colocações. Doutorando em Saúde Mental pelo IPUB/UFRJ (Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro) é pesquisador colaborador do Laboratório DELETE- Detox e uso consciente de tecnologias, também pertencente ao IPUB/UFRJ.
Seu amplo currículo navega por vários mares como
Mestre em Administração, Pós Graduado em Gestão do Conhecimento e Inteligência
Empresarial, em Tecnologia Educacional e em Administração Pública, entre outras
graduações na área de Engenharia. Acabou
de lançar seu sexto livro, o quarto pela Editora Barra Livros, em uma Live que
reuniu mais de 200 pessoas entre formadores de opinião, engenheiros, especialistas
da área de saúde mental, professores, doutores e filósofos.
A
obra‘ A VIDA APÓS O NOVO CORONAVÍRUS:
NOVOS COMPORTAMENTOS’, vem gerando
comentários e interessantes discussões
por parte de especialistas em comportamento humano e saúde mental. O Professor
Lúcio Lage está sendo convidado para palestras e encontros onde o tema não
poderia ser mais pertinente ao momento atual.
O livro aborda o comportamento humano impactado pela
pandemia do novo coronavírus analisando o problema sob a perspectiva do
passado, presente e futuro (antes, durante depois da pandemia). Sinaliza para processos
de mudanças setoriais e não globais ou lineares como muitos estão propalando.
Esta setorialidade está marcada pela cultura e diversidade dos povos, das
nações, dos continentes e de como cada grupo social vivenciou e assimilou este
impacto. Analisa o quanto as mulheres foram mais impactadas com
o isolamento social, o impacto da solidão, a dificuldade das pessoas de se
sentirem no exílio e os desdobramentos psicológicos deste contexto.Aborda os
segmentos que terão mudanças, como home
office, e.commerce, Ensino a
Distância, restaurantes, relações sociais e familiares e outros aspectos deste
momento diferenciado. Apresenta algumas verdades
da pandemia e o que não vai mudar. Por fim, sinaliza sobre mensagens desta
catástrofe e o que as pessoas não vão mais querer ouvir falar.
Abaixo o pesquisador responde a uma série de
perguntas que esclarecem como esta pandemia mudará o comportamento humano, à
base da ciência, e o que é mito e verdade em tantas questões levantadas no
cotidiano.
1-O senhor é um pesquisador e entre seus interesses
está o comportamento humano. Quando exatamente resolveu escrever um livro sobre
o impacto desta pandemia no ser humano?
A partir de janeiro de 2020 com o
surgimento do vírus na China, começamos a catalogar informações tendo em vista
saber, por eventos similares que ocorreram no passado, de possíveis impactos no
Comportamento Humano. A partir do fim de janeiro com a oficialização da
pandemia pela OMS aprofundamos as pesquisas, o que foi intensificado em março
com a chegada do vírus ao Brasil
2- O senhor já antevia que mudanças globais estavam
para acontecer no planeta?
Não exatamente mudanças globais porque os
demais vírus da série "corona" levaram a muitas mortes, mas não
tiveram o impacto do novo coronavírus. Mas em função da velocidade de
propagação já seria possível imaginar grandes impactos no comportamento humano.
3- Poderia descrever como este processo global de mudança
nos povos e nações assimilou este impacto? Citaria exemplos?
Qualquer impacto desta natureza pode gerar
mudanças de comportamento mas não acredito em mudanças globais lineares tão
efetivas assim. Existem muitos fatores de ordem social, cultural, política e
religiosa dentre outras, que farão com que os impactos e desdobramentos sejam
diversificados, por país ou região. Culturas sem experiência com isolamento
social e restrições de locomoção como a dos brasileiros reagem de forma
diferente da cultura europeia, por exemplo, que historicamente sofrem com
muitas guerras e doenças. Mais que isto, incluirmos nestas comparações a
cultura asiática e a do Oriente Médio as diferenças poderão ser ainda maiores.
4- A economia mostra que uma nova forma de trabalho
surgiu: o home Office e o e-commerce.
Eles vieram para ficar? Acredita que a adaptação será natural ou ainda
levará tempo para as empresas e pessoas se acostumarem?
Tanto Home Office quanto o e.commerce não
são novidades e nem vieram com a pandemia. O primeiro é uma forma de trabalhar
que já existe faz tempo quando por exemplo no Brasil, no início da década dos
anos 2000, era chamado de tele-trabalho. Foi a grande alternativa para salvar
empregos e empresas mas é preciso discutir também o lado B do Home Office que
requer muitos cuidados com a transição do presencial para o remoto, apoio
psicológico e outros ingredientes. Não é alternativa para todas as pessoas e
nem para todos os tipos de trabalho. Por suas características de isolamento
defendo o home office híbrido. Quanto ao e.commerce, cresceu pelo fechamento do
comércio mas tem ainda que superar no Brasil as limitações tecnológicas, regulamentações
e legislação complexa e também as dificuldades logísticas para entrega do
produto. Ambos apresentarão maior uso sim mesmo depois de cessada esta crise de
saúde.
5- O mundo evolui, deu um salto rumo a nova era, tipo 5
anos em 5 meses?
Não vejo esta evolução de 5 anos em 5
meses. O que esta crise de saúde revelou foi o despreparo de organismos de
saúde, Governos, organizações transnacionais e da própria humanidade para lidar
com uma situação tão limitante. É preciso discutir uma Agenda de Saúde que
inclua um debate sobre o consumo humano de itens de origem animal, desde a
biologia do animal até a forma de consumo, passando pela forma de abate,
armazenamento, comercialização e preparo.
6-Em sua opinião como será o novo normal?
A expressão "novo normal" deve
ser usada com parcimônia, pois o conceito de normalidade é tão relativo quanto
elástico. O que é normal para os asiáticos como hábitos alimentares, por
exemplo, não é normal para os ocidentais. Se estamos falando de novos hábitos
que serão mantidos podemos citar além do home office e e.commerce, a ampliação
das práticas virtuais de ensino, os restaurantes híbridos, o uso de mais
dispositivos que usem inteligência artificial, mas tudo diferenciado de acordo
com a tecnologia, cultura e características de cada país ou região. ´
7-O Sr.afirma no livro que as mulheres foram mais impactadas com o isolamento social, que a solidão
é um problema a mais, a dificuldade das pessoas de se sentirem no exílio e os
desdobramentos psicológicos desta pandemia. Poderia expor melhor este
pensamento?
As mulheres são prevalentes em várias
profissões como profissionais de beleza, massoterapeutas, babás, cuidadoras de
idosos, empregadas domésticas e profissionais do sexo que viram seus clientes
sumirem da noite para o dia. No caso destas últimas, muitas tiveram sucesso
pela prestação de seus serviços pela via virtual mas não foi ocaso das demais,
muitas delas, chefe de família. Por outro lado, as enfermeiras, em maioria em
relação aos enfermeiros, também foram impactadas não pela perda de empregos mas
pelo excesso de trabalho e muitas delas com a perda da própria vida. Além
destas, as psicólogas e fisioterapeutas também sentiram o impacto sendo que as
primeiras adotaram o atendimento virtual com boa aceitação. Quanto ao exílio,
culturas mais expansivas como a dos brasileiros convivem pior que os europeus
que passaram por vários eventos impactantes como guerras e doenças. Esta
dificuldade de ficar isolado, as vezes sozinho pode ser o gatilho para
depressão e ansiedade se revelarem.
8- Acredita que o homem
mudou ou mudará depois da pandemia? O que mudou e o que nunca mudará?
As mudanças serão setoriais e algumas
podem se dissipar com o tempo se não foram fixadas pelo cérebro como novos
comportamentos assimilados. Da mesma forma fatores diversos e, principalmente a
cultura de cada povo, será determinante para mudar ou até rejeitar as mudanças.
É possível que protocolos de saúde sejam melhorados, que haja reconhecimento
maior para a comunidade científica e para as profissões ligadas à Saúde,maior
interesse no desenvolvimento de vacinas e outros. Processos que utilizem a via
digital/virtual decerto terão prevalência pós-pandemia. Quanto ao que não
mudará, o livro trata várias delas, mas podemos indicar a poluição que voltará
com o retorno das atividades de turismo e comércio, o uso do tempo e também o
protagonismo EUA x China.
Serviços:
Professor Lúcio Lage
Título: A vida após o novo coronavírus: novos comportamentos
Editora: Barra Livros – 135 páginas
.Mini CV - Lúcio Lage Gonçalves
Engenheiro,
pós-graduação em Administração Pública (EBAP/FGV), em Tecnologia Educacional
(U.Católica de Petrópolis), em Gestão do Conhecimento e Inteligência
Empresarial (PUC - Paraná) , Mestrado em Administração (UNIEURO), Doutorando em
Saúde Mental (IPUB/UFRJ), linha de pesquisa Dependência Digital. Pesquisador do
Laboratório Delete - Uso Consciente de Tecnologi@s (IPUB/UFRJ) . Professor de
cursos de MBA de 2000 a 2010. Orientador acadêmico. Escritor dos livros
"Gestão de Mudanças na teoria e na prática" (2014), "Mudanças
Organizacionais no Brasil" (2015), "Dependência Digital" (2017)
e "Convivendo bem com a Dependência Digital" (2018). Co-organizador e
co-autor do livro “Novos Humanos 2030: Como será a humanidade em 2030
convivendo com as tecnologias digitais?”(2019). Mais recente lançamento: A vida
após o novo coronavírus: Novos Comportamentos (30/junho/2020).
Contato: DMC21 COMUNICAÇÃO E MARKETING
(21) 32584917/ (21)981379583
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