Venda de um remédio para emagrecer é suspensa por possível risco de câncer


O remédio lorcasserina, utilizado como tratamento contra a obesidade e até então vendido com o nome comercial de Belviq — deixou de ser comercializado no Brasil e no mundo. Isso porque uma pesquisa ligou o fármaco a um aumento no risco de alguns tipos de câncer. Ele é da farmacêutica japonesa Eisai e vinha sendo distribuído no nosso país pela Eurofarma.

Em fevereiro, a Food and Drug Administration (FDA órgão que regula o setor farmacêutico nos Estados Unidos, publicou uma revisão de dados de um estudo feito com 12 mil pessoas. Metade tomava a droga, enquanto a outra recebia um placebo. Os voluntários foram acompanhados por um tempo médio de 3,3 anos.

Batizado de CAMELLIA-TIMI 61, a investigação buscava originalmente avaliar o potencial risco de a droga em causar problemas cardiovasculares. No entanto, acabou registrando um desequilíbrio no número de casos de câncer entre os grupos. A incidência de tumores no pâncreas, pulmão e reto foi de 7,7% na parcela que utilizava lorcasserina, ante 7,1% em quem recebeu o placebo. Isso fez a Eisai retirar o produto do mercado nos Estados Unidos. A Eurofarma fez a mesma coisa no Brasil. A diferença nos números, embora de fato exista, é pequena. Segundo os especialistas, a decisão de suspender as vendas foi tomada mais por precaução.

“O mecanismo pelo qual esse remédio pode causar câncer não está estabelecido e a diferença na incidência entre as pessoas que o usaram é mínima”, reforça Mario Khedi Carra, presidente da Associação para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso) e do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

Quem estava tomando esse remédio para emagrecer deve fazer o que?

O ideal é procurar o médico para substituir o tratamento — só não fique paranóico. Isso porque seria preciso uma exposição prolongada para se expor ao risco de câncer. No estudo, os casos de tumores ocorreram em quem ingeriu o medicamento por pelo menos um ano.


Como a lorcasserina só chegou às farmácias nacionais em outubro de 2019, via de regra, os brasileiros nem conseguiram tomá-la por esse período. Mesmo nos Estados Unidos, onde a droga é comercializada há mais tempo, os especialistas não recomendam realizar testes de rastreio contra o câncer.

Atualmente, os médicos brasileiros possuem outras três opções de compostos aprovados para combater a obesidade: orlistat, sibutramina e liraglutida. Mas nenhum tem o efeito duplo da lorcasserina de diminuir a fome e acelerar a chegada da saciedade. Então provavelmente será preciso receitar mais de um comprimido.

Abaixo, o endocrinologista Danilo Mentrop, Membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e pós-graduado pela Universidade de Harvard, responde perguntas comuns sobre medicamentos para emagrecer.

1. Porque este remédio foi proibido?
R: Foi proibido por um risco aumentado de câncer de pulmão, pâncreas e reto.

2. A ANVISA liberou vários remédios que eram proibidos anteriormente. Qual a explicação para isso?

R: Muitas vezes as proibições vêm por falta de algum estudo, e quando esse estudo sai os remédios voltam a ser liberados.

3. Remédios pra emagrecer fazem bem ou mal a saúde?

R: Todo remédio tem seus riscos e benefícios. O bom médico sabe dizer quando os riscos do remédio são menores que os da obesidade e prescrever a hora certa de usá-los.

4. Tem como emagrecer sem usá-los?
R: É possível sim emagrecer sem remédios. Porém é muito difícil, pois a obesidade é uma doença de difícil tratamento.

5. Como o senhor vê a situação da obesidade no país?

R: Está cada vez maior no Brasil e no mundo e o que mais assusta é o aumento da obesidade infantil.

6. Como enfrentá-la?

R: A melhor maneira de enfrentá-la é se preocupando com o básico: atividades físicas regulares, dietas balanceadas e acompanhamento com profissional qualificado.


Serviço:

Dr. Danilo Mentrop – Endocrinologia / Metabologia do Esporte

Endereço:
Rua Jornalista Ricardo Marinho, 360, grupo 129 – Parque das Rosas – Barra da Tijuca

Tel: (21) 3844-8800 / (21) 97212-8369.

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