Obesidade infantil no País


Pesquisa alerta sobre o aumento da obesidade infantil no país





Endocrinologista diz que a doença é crônica e controlar o excesso de peso é de suma importância, uma vez que pode causar diversas complicações, como diabetes tipo 2 e hipertensão.







Pesquisa recente realizada pelo Ministério da Saúde no início deste ano, aponta que houve um aumento significativo no número de crianças brasileiras com excesso de peso, sendo 18% entre o sexo masculino e 15,5% entre o sexo feminino. 

De acordo com a pesquisa, nossa realidade não permite mais crianças brincando nas ruas, andando de bicicleta o dia todo, como fazíamos há alguns anos atrás. Fomos tolhidos da liberdade de deixar nossas crianças à vontade, usufruindo dos prazeres dos jogos de bola em frente de casa. Atualmente, brincam dentro de casa no turno que não estão na escola, em frente a computadores, vídeo games, ou televisão. Para acompanhar essa inércia, acompanha um pacote de bolacha ou outra guloseima que se encontra na dispensa de casa.

De acordo com a endocrinologista Thais Perlingeiro, pós graduada pelo Hospital Gafrée Guinle e pela Universidade de New South Wales, UK, a culpa está ligada aos hábitos diários. “Crianças sedentárias que não praticam nenhuma atividade física e se alimentam mal são as grandes vítimas dos dados desta pesquisa. Somado a isso está à falta de atenção dos pais aos horários das refeições e escolha dos alimentos”, explica a especialista, lembrando que muitas vezes os pais estão no trabalho, e os filhos que estão em casa sozinhos, acabam consumindo o que tem de mais fácil e disponível.
A médica também alerta sobre outro fator que vem acelerar o processo de obesidade infantil: a grande oferta de produtos hipercalóricos, como sanduíches, batatas, sorvetes, entre outros que facilmente são adquiridos e consumidos em grandes quantidades.

Segundo Thaís Perlingeiro, para que uma criança se sinta estimulada a uma alimentação saudável, o exemplo deve começar dentro de casa e também na escola, porém não se podem excluir os fatores psicológicos que influenciam no problema. “Atualmente a sociedade exige padrões de beleza rigorosos, muitas vezes inalcançáveis. Vinculam a imagem de pessoas magras ao sucesso, felicidade e fama. Tudo isso gera pressões e ansiedade nas crianças, podendo levar à obesidade e doenças como bulimia e anorexia”, diz a endocrinologista.



Abaixo, a especialista explica as principais dúvidas em torno da obesidade infantil.

O excesso de peso infantil é uma doença grave?
A obesidade é uma doença crônica e controlar o excesso de peso é de suma importância, uma vez que pode causar diversas complicações, como diabetes tipo 2 e hipertensão.


Por que todos (pais, governo, escolas e sociedade) têm que estar envolvidos na causa dea Obesidade Infantil?


A determinação do sobrepeso e da obesidade é multifatorial e social. Está relacionada à má alimentação, aos modos de comer e de viver da atualidade e também, preponderantemente, ao sistema alimentar vigente no País, ou seja, o conjunto de fatores que constitui o modo de vida das populações modernas, que consomem cada vez mais produtos processados e ultraprocessados, fabricados pela indústria com a adição de substâncias como gordura e açúcar a alimentos para torná-los duráveis, mais palatáveis e supostamente mais atraentes.

Existe uma forma ideal de tratar a obesidade infantil? 

Manter hábitos saudáveis é sempre a melhor opção. Ter uma dieta equilibrada acompanhada de exercícios físicos, além de seguir corretamente os horários pré-estabelecidos para as refeições. “Para obter equilíbrio nutricional é preciso consumir uma boa quantidade de grãos integrais, carnes magras, verduras, frutas e uma quantidade limitada de gorduras (maionese, manteiga) e açúcares (doces). Já os alimentos industrializados, que são super calóricos e de pouco valor nutricional, como biscoitos recheados e salgadinhos, devem ser eliminados da dieta”, informa a médica.

Há outros motivos que levam à obesidade além da alimentação inadequada?


A obesidade é multifatorial. Ainda que o ganho excessivo de peso esteja relacionado diretamente ao consumo alimentar e prática de atividade, diversos fatores impactam fortemente nessas práticas. Nesse sentido, é patente que as causas da obesidade não são apenas individuais, mas também ambientais e sociais, sobre as quais o indivíduo, em muitas ocasiões, tem pouca capacidade de interferência. Grande exposição das crianças à publicidade de alimentos não saudáveis, comercialização de alimentos não saudáveis em escolas, baixo acesso e disponibilidade a alimentos saudáveis, dificuldade de acesso a informações confiáveis sobre alimentação saudável, rotulagem nutricional pouco clara, baixo preço de alimentos não saudáveis e estrutura insuficiente ou inadequada para prática de atividade física são exemplos de motivos que contribuem para a obesidade.

O que a obesidade interfere na vida da criança a longo prazo?


Crianças com obesidade aos dois anos tem 75% de chance de ser obeso na vida adulta. O desenvolvimento de obesidade infantil está relacionado com o desenvolvimento de diversas doenças a curto e longo prazo, como diabetes, resistência a insulina, hipertensão, dislipidemias, distúrbios psicológicos, complicações gastrointestinais, doenças cardiovasculares.

É necessário evitar refrigerantes diet e alimentos adoçados artificialmente?

Por serem artificiais, recomenda-se evitar o seu consumo. Substitua por sucos, frutas e demais alimentos naturais.

A dieta das crianças deve ser igual a dos adultos? 

Tanto crianças quanto adultos devem manter uma alimentação saudável e equilibrada com consumo de verduras, frutas, carnes magras, pães, massas e pouca gordura; o que irá diferenciar é a quantidade ingerida.

“Em determinadas fases da vida, como no primeiro ano e na pré-adolescência, há uma tendência maior a engordar. Porém, é importante sempre manter o cuidado, pois o ganho de peso pode acontecer em qualquer época”, finaliza.
 

 

 Serviço:

Clínica Thais Perlingeiro – Endocrinologista 

Endereço: Avenida Olegário Maciel, 531, sala 227 – Barra da Tijuca

Telefones: (21) 3082-6106 / (21) 99340-6917

clinicathaisperlingeiro@gmail.com

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